A doutrina ainda não chegou a um consenso no que tange aos problemas suscitados pela existência de procedimentos arbitrais paralelos envolvendo a mesma matéria ou matérias relacionadas, como no caso da litispendência e da coisa julgada na arbitragem internacional, de arbitragens múltiplas e conexas, e do acúmulo de procedimentos (com exceção das recomendações formuladas pela International Law Association para que a boa administração da justiça arbitral tenha em conta a necessidade de uma coordenação eficaz dos procedimentos). Nesse contexto, considerou-se a aplicação, à arbitragem, de diversos mecanismos com o fim de evitar as causas ou mitigar os efeitos indesejáveis da existência concomitante de procedimentos sobre um mesmo litígio. Estes mecanismos incluem instrumentos tipicamente processuais, como as exceções de litispendência e de coisa julgada. Ainda assim, o princípio da competência-competência, que reconhece a faculdade dos árbitros de decidir sobre sua própria competência, desempenha um papel crucial na hora de elucidar os problemas jurisdicionais que a existência de um procedimento paralelo possa suscitar. Por outro lado, diversas técnicas foram desenvolvidas convencionalmente, principalmente no contexto da arbitragem versando a proteção de investimentos, destinadas a evitar que um mesmo litígio seja instalado em foros distintos, como as cláusulas fork-in-the-road ou cláusulas de bifurcação do caminho, a renúncia ou waiver, e a possibilidade de cúmulo. Os procedimentos paralelos e esses mecanismos e instrumentos visando coordená-los são objeto deste artigo.